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Folha Dirigida entrevista Fábio Lins

Atualizado: 21 de mai.

Crescer em um ambiente em que os estudos eram valorizados acima de tudo, e onde para conseguir algo na vida era preciso se esforçar, ajudaram na preparação de Fábio Lins de Lessa Carvalho para o mundo dos concursos. Com 39 anos e nascido em Maceió, capital alagoana, ele conta que desde cedo já sabia a área a seguir. E, com a influência em casa, a inclinação para a carreira pública foi algo natural. “Recebi como legado de meus pais a noção de que a educação é o nosso maior patrimônio. Durante o ensino médio, sempre gostei de História, Geografia, Redação e Literatura. Logo, seguir uma carreira na área de Humanas era quase inevitável. A opção pelo Direito surgiu naturalmente. Ingressei na universidade, tendo concluído minha graduação na Ufal, mestrado na UFPE e doutorado na Universidad de Salamanca, na Espanha, todas instituições públicas, o que fez reforçar em mim o gosto pelas questões do Estado.


Ademais, como meus pais e irmãos são servidores públicos, isso me colocou em contato desde muito cedo com a Administração Pública. Cinco anos após minha formatura, tive a honra de retornar à Ufal como professor concursado”, conta Fábio Lins, que leciona Direito Administrativo na graduação e no mestrado.

Além de docente, Fábio Lins, é também procurador do estado de Alagoas, e começou a preparação para concurso público ainda durante a graduação.



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Ele conta que já prestava provas para ganhar experiência e, nessas tentativas, algumas não chegou a ser aprovado e em outras foi, porém nunca foi chamado. “Aliás, em um dos concursos, recordo-me que só soube de minha convocação, via Diário Oficial, vários anos depois de ela ter ocorrido. Se hoje eu rio da situação, na época foi uma grande decepção”, lembra.

Nos últimos anos da faculdade, entretanto, o advogado já estava decidido: sua vocação era a advocacia pública. “Fui estagiário das Procuradorias de duas autarquias federais: DNIT e INSS. Em outro estágio, na Procuradoria da República, comecei a gostar de fazer pareceres, o que me inclinou para a consultoria jurídica.


Assim que me formei, fiz o concurso de analista processual do Ministério Público Federal, tendo sido aprovado e nomeado. Assim, voltei a trabalhar onde havia sido estagiário, desta vez exercendo um cargo público.”

Decisão muito difícil - Mesmo já atuando em um cargo público, seu sonho ainda não havia sido alcançado. “O concurso que eu mais almejava era o da Advocacia Geral da União. Fiz e passei, tendo conseguido, inclusive, ficar com a única vaga aberta para Maceió. Todavia, houve uma grande demora para que as nomeações iniciassem.


Nesse intervalo, saiu o edital da PGE-AL. Lembro que quando soube do concurso, pensei ‘uma vaga tem que ser minha’. Eram 20 vagas (na ocasião). O concurso foi muito disputado, com candidatos de todo o país. Lembro que na primeira fase tirei a nota mais alta, o que me garantiu a aprovação, já que meu desempenho na elaboração da peça processual não foi tão bom, pois sempre gostei mais do direito material ao direito processual.


Fui nomeado, e quando estava exercendo o cargo de procurador de Estado há seis meses, a AGU finalmente me nomeou, o que me fez ficar vários dias sem dormir direito.


Tinha que decidir. Era a razão contra a emoção. A maioria dizia que eu teria que seguir a razão e assumir um cargo federal. Agi com o coração e, se hoje não sou um advogado da União, é porque pensei que o Estado de Alagoas precisava mais de mim que a União. Hoje, mais de uma década depois, não me arrependo da decisão que tomei.”

Mas, para se preparar para essas provas, foi preciso muita dedicação. Fábio Lins conta que procurou fazer uma boa graduação e não faltar às aulas. Mesmo aquelas que não eram tão boas, ele estava sempre presente, prestando atenção.


“Aprendo muito ouvindo. Sei que cada um tem uma sistemática própria de aprendizagem, mas considero o convívio acadêmico extremamente importante para dar ao aluno/candidato mais experiência, ainda que seja absorvendo as experiências alheias.


Na faculdade, tinha pontos fortes, como as matérias de Direito Público, e outros com uma maior deficiência, mais uma vez, confesso, nunca fui fã de processo. Procurava reforçar meus pontos fortes, para ficar acima da média, e ter uma vantagem a mais, e, em relação aos pontos fracos, melhorar meu desempenho para ficar dentro da média geral. Também tinha o costume que estudar todo o conteúdo programático do concurso. Nada era desprezado. Outro método era estudar até determinado limite e depois disso procurar me divertir de alguma forma. Era uma espécie de prêmio pelo esforço. Assim, minha mente sempre estava descansada para aprender. Na hora da prova, muita serenidade. Considero que a inteligência emocional é um dos aspectos mais importantes que os candidatos devem desenvolver.”

Vocação acima de tudo - Todo o esforço nos estudos para concurso, iniciados ainda na faculdade, e sem deixar de lado os momentos de lazer e descanso, valeram a pena.


O ingresso na carreira pública veio pouco tempo após a obtenção do diploma. “Fiz o concurso público da PGE-AL em abril de 2000, um ano após minha formatura. Tomei posse no cargo de procurador de Estado de Alagoas em 11 de agosto de 2000, coincidentemente, no Dia do Advogado e do Ensino Jurídico. Tinha na época 24 anos.


De lá até hoje, já passei por vários setores da procuradoria - do controle de licitações e contratos administrativos até a assessoria ao procurador geral -, mas me identifico mesmo com a consultoria jurídica, onde posso atuar com maior independência técnica, em especial, no tocante às temáticas relacionadas aos servidores públicos”, diz.

O procurador e também professor lida diariamente com alunos agora em situação semelhante àquela passada por ele, há cerca de 15 anos. E sua orientação é clara aos estudantes: conheçam sua vocação. “Digo sempre aos meus alunos, e agora estendo essa orientação a todo o país, que cada um deve refletir seriamente acerca de suas verdadeiras vocações. Por falta dessa reflexão, conheço muita gente frustrada, e até mesmo deprimida, por razões profissionais.


O primeiro passo é saber se suas preferências e aptidões estão mais para o serviço público ou para as atividades privadas. Embora se saiba que todos querem ter ótimas remunerações, segurança e condições de trabalho, e que, em certa medida, as carreiras públicas costumam proporcionar tudo isso, é imprescindível que se reconheça que a realização profissional, e pessoal, exige uma grande afinidade com a atividade que se está desempenhando.


Se é possível afirmar que nem todo mundo nasceu para ser servidor público, também se pode dizer que cada pessoa com vocação para o serviço público deve buscar as atividades que mais lhe interessam”, encerra o advogado que, após suas experiências profissionais, já publicou obras voltadas para concursos públicos.

 
 
 

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